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Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

17.Jun.16

Vénus vs. Marte

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 Os homens são de Marte a as mulheres são de Vénus. Estudos, livros, programas televisivos mostram-nos que é assim. Os homens são de Marte e as mulheres de Vénus. Enquanto a nossa mente está constantemente ocupada com os mais diversos assuntos, eles sentam-se em frente à TV, fazer zapping durante 10 minutos e ainda assim mantêm a mente vazia.

As mulheres tendem a ser complicadas e os homens a descomplicar demasiado. Escondemo-nos atrás de clichés criados por uma sociedade ainda muito patriarcal e esquecemo-nos que a evolução humana tem vindo a deitar por terra a era da submissão feminina face a um machismo predominante. Conquistaram-se direitos e modificaram-se valores. Os homens conquistaram o direito de se emocionar, de deixar cair uma lágrima, de acarinhar os filhos e as esposas, sem que com isso seja menos homens. Diria quase que hoje um homem pode ter atitudes mais efeminadas, que nem por isso será menos viril, pelo contrário. Mas no entanto, continuam a refugiar-se na ideia simplória de que uma boa mesa e uma boa cama, muito futebol e amigos permite-lhes atingir o auge do bem-estar.

Nós mulheres continuamos a precisar de mais, muito mais, e exigimos. Mas não é aqui que pecamos. Foi-nos dado o direito de querer mais. A questão é que nos esquecemos que nós somos de Vénus e eles são de Marte, e como tal não podemos exigir que falemos a mesma linguagem. E muito menos por telepatia! Aprender a comunicar assertivamente é um desafio. Saber expor de forma honesta e clara os nossos sentimentos, as nossas necessidades, as nossas emoções, respeitando as vulnerabilidades do outro é, certamente, a forma mais inteligente de lidarmos com o que nos preocupa. No entanto, na grande maioria das vezes, seguimos outro guião, e esperamos que um amuo, um castigo, faça com que eles entendam as nossas necessidades. Doce loucura a nossa pensar que eles vão conseguir ler tudo o que congeminamos nestas mentes agitadas e saber como agir no momento a seguir. E o surto de emoções negativas aflora-nos à pele dando lugar a acusações e reprovações que nem com a melhor das intenções são toleráveis. As discussões muito intensas e sistemáticas, tendem a criar ciclos em que nós mulheres necessitamos de estender a discussão até que "o problema" esteja resolvido. Enquanto isso, os homens passam a encarar a própria discussão, e a nossa insistência em esclarecer, como uma forma de eternizar o problema. Aos olhos deles as discussões passam elas próprias a ser "o problema", pelo que fogem delas.

E é neste jogo do gato e do rato que é necessário compreender que os homens vêm de Marte e as mulheres de Vénus. A comunicação perfeita é idealista e certamente irreal quando os intervenientes não são desprovidos de sentimentos. Real é compreender que entre nós e a perfeição há uma centena de potencialidades de crescimento e aprendizagem tanto para quem vem de Marte como para quem chegou de Vénus.

 

16.Jun.16

Noites Longas

 

 

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Dizem que há coisas que nos chegam depois dos 40. Nas redes sociais surgem inúmeras imagens com piadas e até blogs específicos a lembrar-nos disso. Não sei se as minhas noites longas serão dos 40, ou se mais uma vez é a minha alma agitada a pregar-me partidas… A verdade é que o sono não chega e eu faço quebra-cabeças mentais, junto palavras, gestos, tento entender olhares, perceber momentos. E por entre puzzles inacabados por falta de peças, o sono não chega. E o ciclo não se fecha.

 

A verdade é que tal Margarida Rebelo Pinto, não há coincidências. Não há obra de um destino ou de um acaso. E a cada momento que tento acreditar um pouco mais surgem as tais ditas coincidências que me mostram que as minhas dúvidas têm razão de ser e torno-me irredutível na minha convicção. E volto ao início. E não há como apaziguar a tensão desta minha mente turbulenta e a desesperança em relação ao futuro não desaparece.

 

Mas terei que ser paciente…esperar que te encontres e consigas voltar…sei que não deste ouvidos às minhas palavras, quando te pedi que me procurasses mais, que me desejasses, que me trouxesses um presente, que fizesses uma surpresa, ou que pelo menos fizesses algo a pensar apenas em nós…um pequeno gesto que fosse, que me fizesse ver que vale a pena acreditar, que temos algo mais do que aquilo que está à frente dos nossos olhos…que este vazio é momentâneo e que esta penitência vai acabar, que o faz de conta em que vivemos vai dar lugar a um nós mais forte e barricado.

 

De que outra forma poderá ser? Se assim não for porque me terias sujeitado a este sofrimento? Porque terias deixado chegar tão longe o nosso fosso, se for para deixar tudo igual? Porquê? Porquê? Porquê? Se nada mudou, se está tudo tão na mesma, qual foi o intuito de tudo isto? E é nesta infinidade de perguntas que sinto que me fechaste as portas e as janelas do teu coração...E é nesta forma persistente de insegurança que as peças não encaixam…

 

E o meu maior medo continua a ser enfrentar o dia em que chegarás a mim para me dizer que tinha razão, que já não me amas da mesma forma e não podes continuar a esconder o que sentes e a sofrer em silêncio.

 

E é assim, agastada pelas minhas noites longas, que me mantenho à tona e recomeço cada um dos meus dias.

09.Jun.16

Identidade

 

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 “O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!” Florbela Espanca

 

 É quase isto…Sou uma exaltada sim, zangada com a vida, comigo, com os outros. A busca de coisa nenhuma alimentou esta angústia que me consome. O espaço entre mim e os outros tornou-se abismal. Não deixo entrar em demasia. Não partilho em excesso. Defesas de quem foi tantas vezes sentenciada sem ter oportunidade de ser julgada. Mas hoje estou diferente…a intensidade das minhas palavras quase violentas, libertou-me…as saudades sei lá do quê são mais óbvias…o sentimento de perda esvaziou-se…

 

Entender o comportamento humano é difícil, exige intuição, paciência, atenção …um saber ouvir que nem todos temos. Mas quando se compreende é surpreendente a leveza que trás consigo. Entender o meu mundo tem sido uma guerra de anos. Batalhas travadas comigo e com os outros. Porque poucos me conhecem, porque poucos me compreendem. Não condeno. Afinal de contas os meus soldados foram treinados arduamente para proteger esta minha muralha construída com ajudas desnecessárias.

 

Torna-se agora mais claro a minha busca de coisa de nenhuma… a minha identidade, a minha essência, a consolidação do meu eu…neste diálogo íntimo que têm sido as minhas noites percebi que a maior guerra que travo é entre aquilo em que me tentaram transformar e naquilo que acredito que sou. Esta dualidade trouxe consigo uma instabilidade emocional e comportamentos diversos e repetitivos. Coerente dentro de uma incoerência constante. Separar-me da minha sombra pode ser arrojado. Não tenho ainda um caminho traçado, nem uma poção mágica que me traga de volta, mas sei que já não estou tão longe assim…

08.Jun.16

I've go to let go...

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Procurei ajuda. Procurei ajuda num momento de confusão e fraqueza. E em pouco tempo me zanguei com todos…Fechei as portas e recusei quem quisesse ajudar-me. E refugiei-me na pessoa errada. Talvez a terapia tenha mesmo esse efeito numa primeira fase. Abre-nos todas as feridas de uma só vez e faz-nos questionar tudo e todos…Mas hoje estou determinada. Quero que o meu ponto de viragem seja aqui e agora. E porque hoje estou assim, decidi cercar-me das pessoas certas. Daquelas que conseguem ver em mim mais para além do que transpareço. Daquelas que não têm medo de mim, não têm medo do que possa fazer ou dizer. E é com estas que quero estar. Quero parar de me condenar por não ser a pessoa que imaginei que quisesses ter. Quero parar de criar personagens para ser aceite por ti e pelos teus. Hoje a prioridade sou eu. A minha busca está longe de terminar mas não vou correr mais atrás…vou deixar-te ir…só assim te poderei ter de volta…terás que voltar pelo teu próprio pé…e como já li algures, se não voltares é porque não tens que ser meu.

E porque hoje estou assim, descobri uma nova força. Uma determinação em estar de bem com a vida. Quero olhar no espelho e reconhecer-me…olhar à minha volta e não ver apenas estranhos. Quero encontrar a identidade que me foi retirada há tanto tempo atrás. Saber definir quem sou…e porque hoje estou assim, vou deixar-te ir…

08.Jun.16

My Person

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Hoje fiz aquilo que já deveria ter feito há muito.

Deixei que esta relação me afastasse de quem me faz bem. Há pessoas que nos mostram o melhor de nós. Que nos alimentam a alma e nos deixam ser quem somos sem máscaras, sem disfarces. Nunca encontrei muitas no meu caminho e infelizmente as que tive fui perdendo, umas porque a vida assim o quis, outras porque eu própria as afastei…

E hoje fiz aquilo que já deveria ter feito há muito…procurei por ti. É verdade, sempre me fizeste bem e trazes-me o melhor de mim. Nem sei porque te afastei…ou sei…porque afasto todos os que se aproximam demais. E eu sei que as tuas palavras são verdadeiras, repletas de genuinidade. E não tive medo. Acreditei. Porque sei que a Inês perdida algures neste limbo que é a vida é assim. A Inês gosta de te fazer sorrir, de te fazer dar uma boa gargalhada apenas com parvoíces. E eu tenho tantas saudades dessa Inês descomplicada, que também precisa de um abraço de vez em quando, de se sentir amada e acarinhada, simplesmente por aquilo que é. A Inês que também tem um lado frágil e sensibilidade para entender a dor, o sofrimento que podes estar a sentir. A Inês que não vive zangada com o mundo, que sabe para onde quer ir e como lá chegar.

E hoje fiz aquilo que já deveria ter feito há muito…decidi abrir o meu coração e confiar. Confiar em ti e em mim. Acreditar que eu sou mais do que isto e que posso viver em harmonia. Não quero correr atrás de uma felicidade que possa apenas ser momentânea. Quero correr atrás da serenidade que sei que existe em mim. Viver em harmonia comigo. Mas para isso preciso de um ombro amigo. Não preciso passar por tudo isto sozinha...

Foi um acto de coragem chegar até ti. E uma vitória. Assumir que preciso. E foi tão bom perceber que vim em boa hora. Não apenas por mim mas também por ti. Sentir que também eu te faria bem, que também eu poderei ajudar-te, fazer-te falta.

Desculpa se te parecer egoísta…mas agora não te vou deixar ir, nem te vou fechar a porta...