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Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

22.Set.16

Walking on my Shoes

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Facilmente emitimos opiniões em relação aos outros, sem nunca pararmos para reflectir sobre o porquê dessa nossa necessidade de opinar. Porque julgámos aquela pessoa pelo forma como se veste, pelo cabelo que escolheu, porque é gorda, porque é magra, porque sofre em demasia, por se arrasta atrás de alguém, porque está presa àquela relação…Nem tão pouco paramos para pensar na dor que pudemos causar com um pequeno comentário que fizemos.

Imprudentemente dizemos que o que os outros pensam de nós não nos afecta, mas sabemos perfeitamente que não é bem assim. Por vezes o momento em que o dizemos, o contexto em que estamos inseridos, a forma como o dizemos basta para causar um maior sofrimento e em nada estamos a ajudar.

Não deveremos julgar ninguém, mas se o fizermos não deveremos antes conhecer cada detalhe da sua história? Agir de forma neutra e com equilíbrio? Cada pessoa encerra em si um sem número de sentimentos, e em nada nem ninguém deverá julgar sem antes conhecer cada detalhe. Todos guardamos em nós assuntos mal resolvidos, fantasmas, emoções mal geridas. A única diferença está na forma como cada um de nós aprendeu a lidar e a enfrentar esses problemas.

Poucos são aqueles que se aventuram a tentar conhecer-se a si próprios, a analisar as próprias atitudes, mas não tem qualquer dificuldade em criticar os outros. A verdade é que nunca conhecemos ninguém por inteiro, mas assumimo-nos como verdadeiros psicólogos e analistas e emitimos julgamentos com uma leviandade quase moral sem tão pouco ponderarmos nas consequências ou nos condicionamentos que poderemos estar a causar.

Estereotipamos comportamentos, etiquetamos atitudes e atribuímos adjectivos com a maior das facilidades, apenas porque nos achamos conhecedores de uma verdade quase universal. Idealizamos para os outros aquilo que o nosso percurso nos ensinou. Encaixamos os outros nas nossas experiências, na nossa forma de vida, na nossa forma de pensar, ignorando que todos temos caminhos e aprendizagens diferentes.

Na verdade, conhecemos as pessoas mas nem sempre conhecemos a sua história por inteiro. Podemos até ter ouvido da sua boca o que lhe aconteceu, mas nunca saberemos o que passou. Não fazemos ideia da dificuldade com que enfrentaram determinados desafios, nem as batalhas travadas para aqui chegar. A verdade é que ninguém gosta de apregoar as derrotas que conquistou, as humilhações a que se sujeitou, as desilusões que sofreu. Há pesos que carregam no peito que levam uma vida inteira a esmagar na expectativa de minimizar a mágoa e a angústia que causam. Pesos esses que nos são muitas vezes omissos.

Somos alheios às emoções dos outros e numa quase cegueira selectiva, ignoramos aquilo que as nossas críticas provocam nos outros. É importante aprender a colocar-nos no lugar do outro, escutar atentamente antes de falar, reconhecer sentimentos e não exigir mais do que nos pode dar.

 

“Before you start to judge me, step into my shoes and walk the life I’m living, and if you get as far as I am, just maybe you will see how strong I really am.”